domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mar português (Fernando Pessoa)

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
 Por te cruzarmos quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosse nosso,ó mar!

Valeu a pena?Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
   

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

História de Portugal ( os primeiros habitantes)s

       Quem foram os primeiros habitantes desta região?É muito difícil se dizer ao certo, mas a versão mais aceita entre os historiadores é que muitos séculos antes de Cristo, viveram na Península Ibérica gentes que dela seriam originarias,pessoas que, tanto quanto se pode se dizer, não tinham vindo de quaisquer outras regiões.Porém,desde muito cedo,os povos de outras partes começaram a se encaminhar para esta zona, fixando-se muitos destes na região ocidental- aquela que havia de ser, mais ou menos a terra portuguesa - misturando o seu sangue com os naturais dela.
       Estes povos invasores foram os Iberos, os Fenícios, os Gregos, os Celtas, os Cartagineses, os Romanos, os Suevos, os Alanos, os Visigodos e os Mouros. De tão grande mistura de raças que ao longo dos séculos se foi fazendo( podemos dizer do século XII antes de Cristo até o século VIII depois de Cristo) saíram os povos peninsulares, saiu o povo português.
      Nos mostra a história que os habitantes da parte mais ocidental da Península apresentaram sempre características especiais, que os tornaram, no decorres dos tempos diferentes dos outros povos ibéricos. Uma das suas características dominantes, já nas épocas remotas em que começa a sua História, é o amor pela independência, que os leva sempre a negar-se, até à ultima, a viver subjugados por estranhos.
      Dir-se-ia que as várias gentes que vinham no correr dos tempos instalar-se nesta nossa faixa se iam fundindo com uma personalidade popular forte, independente, que já aqui encontravam-e , assim, um mesmo carácter se manteve, se fortificou, se transmitiu no decorrer das idades, ainda que a raça se fosse alterando,enriquecendo, com as sucessivas fusões de sangue. Sangue dos que estavam em Portugal antes das invasões? Sangue de celtas,de romanos, de suevos ou visigodos, de mouros? De todos os termos algum - de uns mais, de outros menos, evidentemente...Mas, acima de tudo, uma personalidade diferente de cada uma das personalidades destes povos, uma personalidade vigorosa, moldada pelas misteriosas origens rácicas, pelo meio geográfico, pelas comuns necessidades e interesses, foi surgindo, so fundo dos séculos, para que um dia nascesse Portugal...

O Templo romano de Diana, em Évora.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Oração à bandeira de Portugal * por Jorge de Castro

   Bandeira da minha Pátria eu te saúdo!
   Pendão sagrado da Terra Portuguesa, signa de heróis, musa de sonhadores eu te ergo o mais alevantado preito de homenagem: - a ti que cobres com as tuas dobras tremulantes a mais intrépida das raças!- a ti que, nas proas das nossas caravelas, foste facho de luz soberba, que iluminou o mundo.
   Eram outras as tuas cores e outros os teus símbolos.Mas isso oque importa?! Qualquer que tenha sido a cor de que te ordenassem, tu tens sido-ó Bandeira da Pátria- em todos os tempos e em todos os lugares, a cristalização da alma da nossa Raça valorosa, filha livre duma terra livre.

  Branca,foste o pendão de revolta do Conde D.Henrique. e em torno de ti se agruparam, a servir-te de pedestal de glórias, os anseios de liberdade do povo lusitano; estiveste em Val-de-Vez onde as espadas dos heróis da Terra Lusa escreveram a lei da nossa libertação; e , erguida pelo braço potente de Afonso Enriques, tremulaste em Ourique , a assistir aquela pugna ardosa onde se jogaram os destinos da Pátria renascente.


Branca com a cruz de Cristo, erraste pelo algarve a conquistar, palmo a palmo, as gentes da Moirama, esse formoso recanto do mundo em que o teu povo vive; firmada nos baluartes das nossas muralhas, viste como pela tua honra combatiam, contra os leões de Castela, os filhos valentes de Portugal; e , em Aljubarrota, talvez te atingissem os salpicos de sangue dos heróis que se deixavam morrer matando, a velar pela tua imaculada pureza, à voz potente de Nuno Álvares, guerreiro e monge, soldado de Deus e soldado da Pátria.


Branca sem a Cruz de Aviz, foste desfraldada nos Atoleiros e Valverde, onde, em  lutas titânicas, mais uma vez se confirmou a independência; esvoaçaste nas proas das nossas caravelas, a caminho da Índia e do Brasil, açoitada pelos ímpetos formidáveis do Mar da Noite e do Mistério; ergueu-te, sobranceira, no seu braço potente, Afonso de Albuquerque, ao sol rútulo de Ormuz, de Gôa e da Malaca; estiveste nas portas de Alcantara a alentar a plebe descalça que combatia ao lado do Prior do Crato, a salvara Honra,já que não pôde salvar a Independência; adejaste,à frente dos lutadores de 1º de Dezembro de 1640,em Lisboa, nas linhas de Elvas, nos Montes-Claros, a domar os Leões de Castela, que queriam, mais uma vez, devorar a liberdade da Pátria de que tu és o simbolo augusto, e nas rochas escarpadas do Buçaco ergueste, altaneira, um voo tão alto e tão potente que só foste pousar nas muralhas de Tolosa, na terra de Napoleão-O-Grande.


Azul e Branca, reuniste em torno de ti as aspirações de Liberdade e de Civismo da geração austera de 1820; drapejaste, gloriosa e pura, em Almoster e Asseiceira; deste fortaleza ao braço de Saldanha; sublimaste a lira de Garret e de Herculano; e foste guia, através dos sertões da Africa tórrida, dos soldados gloriosos de Mousinho e de Roçadas.


Verde e vermelha- verde a simbolizar esperanças; vermelha a sagrar o sangue de valentes- acalentaste os heróis de cinco de Outubro, a quem o amor da Pátria e o anseio da Liberdade deram forças gigantescas: andaste em África,vasto campo de heroísmos, a afirmar e manter o nosso direito àqueles pedaços da Pátria Portuguesa; estiveste no inferno dantesco da grande guerra, a sorrir aos valentes que se batiam pela honra da Pátria Portuguesa; estiveste no inferno dantesco da grande guerra, a sorrir aos valentes que se batiam pela honra da Pátria e pela Liberdade do Mundo; e, na hora em que a Reação quis desviar Portugal do seu trilho de glórias, foste a guiar a plebe, numa arrancada heroica, pela encosta de Monsanto; viste, na avançada dos soldados da República, a hoste intrépida que depôs a vida no altar da Liberdade, em holocausto à Pátria redimida;andaste nas ruas do Porto, a dizer o adeus da Pátria aos que morreram por ela; e fendeste os mares, na proa dos nossos navios, como que a concretizar a alma heroica da marinhagem, que cantava a "Portuguesa".
       E assim, tu.-ó bandeira vermelha e verde!- se és, como as outras, o simbolo da Pátria independente, dás-nos ainda a certeza consoladora de que Portugal, emancipado de tutelas inflamantes, redimido perante o Mundo, pelo esforço destemido dos seus filhos, volta a ser louvado, volta a ser querido.
       Portugueses! Neste pedaço de seda vibra,entusiástica e valorosa, a alma da nossa Pátria,com tudo quanto ela tem de nobre e de grandioso.é -deixai-me assim dizer-o certificado da nossa Liberdade.Venerá-la, honra-la é venerar e honrar a Pátria que ela simboliza.
      Aprendei a ama-la, Portugueses!Fazei dela como que uma relíquia veneranda,aprendendo a viver e a trabalhar pela sua pureza que,são, afinal a glória e a pureza da Pátria, nossa amada ela simboliza.
      Dai-lhe todo o vosso respeito e todo o cosso amor. E quando a virdes oficialmente erguida, nas proas dos nossos navios ou nas sacadas dos nossos navios ou nas sacadas dos nossos consulados e embaixadas descobri a cabeça ajoelhai a ama e rezai esta oração.
     - Ó alma da minha Raça, pendão santíssimo da Terra Portuguesa, Bandeira Veneranda da minha Pátria, eu te saúdo!