domingo, 12 de fevereiro de 2012

Oração à bandeira de Portugal * por Jorge de Castro

   Bandeira da minha Pátria eu te saúdo!
   Pendão sagrado da Terra Portuguesa, signa de heróis, musa de sonhadores eu te ergo o mais alevantado preito de homenagem: - a ti que cobres com as tuas dobras tremulantes a mais intrépida das raças!- a ti que, nas proas das nossas caravelas, foste facho de luz soberba, que iluminou o mundo.
   Eram outras as tuas cores e outros os teus símbolos.Mas isso oque importa?! Qualquer que tenha sido a cor de que te ordenassem, tu tens sido-ó Bandeira da Pátria- em todos os tempos e em todos os lugares, a cristalização da alma da nossa Raça valorosa, filha livre duma terra livre.

  Branca,foste o pendão de revolta do Conde D.Henrique. e em torno de ti se agruparam, a servir-te de pedestal de glórias, os anseios de liberdade do povo lusitano; estiveste em Val-de-Vez onde as espadas dos heróis da Terra Lusa escreveram a lei da nossa libertação; e , erguida pelo braço potente de Afonso Enriques, tremulaste em Ourique , a assistir aquela pugna ardosa onde se jogaram os destinos da Pátria renascente.


Branca com a cruz de Cristo, erraste pelo algarve a conquistar, palmo a palmo, as gentes da Moirama, esse formoso recanto do mundo em que o teu povo vive; firmada nos baluartes das nossas muralhas, viste como pela tua honra combatiam, contra os leões de Castela, os filhos valentes de Portugal; e , em Aljubarrota, talvez te atingissem os salpicos de sangue dos heróis que se deixavam morrer matando, a velar pela tua imaculada pureza, à voz potente de Nuno Álvares, guerreiro e monge, soldado de Deus e soldado da Pátria.


Branca sem a Cruz de Aviz, foste desfraldada nos Atoleiros e Valverde, onde, em  lutas titânicas, mais uma vez se confirmou a independência; esvoaçaste nas proas das nossas caravelas, a caminho da Índia e do Brasil, açoitada pelos ímpetos formidáveis do Mar da Noite e do Mistério; ergueu-te, sobranceira, no seu braço potente, Afonso de Albuquerque, ao sol rútulo de Ormuz, de Gôa e da Malaca; estiveste nas portas de Alcantara a alentar a plebe descalça que combatia ao lado do Prior do Crato, a salvara Honra,já que não pôde salvar a Independência; adejaste,à frente dos lutadores de 1º de Dezembro de 1640,em Lisboa, nas linhas de Elvas, nos Montes-Claros, a domar os Leões de Castela, que queriam, mais uma vez, devorar a liberdade da Pátria de que tu és o simbolo augusto, e nas rochas escarpadas do Buçaco ergueste, altaneira, um voo tão alto e tão potente que só foste pousar nas muralhas de Tolosa, na terra de Napoleão-O-Grande.


Azul e Branca, reuniste em torno de ti as aspirações de Liberdade e de Civismo da geração austera de 1820; drapejaste, gloriosa e pura, em Almoster e Asseiceira; deste fortaleza ao braço de Saldanha; sublimaste a lira de Garret e de Herculano; e foste guia, através dos sertões da Africa tórrida, dos soldados gloriosos de Mousinho e de Roçadas.


Verde e vermelha- verde a simbolizar esperanças; vermelha a sagrar o sangue de valentes- acalentaste os heróis de cinco de Outubro, a quem o amor da Pátria e o anseio da Liberdade deram forças gigantescas: andaste em África,vasto campo de heroísmos, a afirmar e manter o nosso direito àqueles pedaços da Pátria Portuguesa; estiveste no inferno dantesco da grande guerra, a sorrir aos valentes que se batiam pela honra da Pátria Portuguesa; estiveste no inferno dantesco da grande guerra, a sorrir aos valentes que se batiam pela honra da Pátria e pela Liberdade do Mundo; e, na hora em que a Reação quis desviar Portugal do seu trilho de glórias, foste a guiar a plebe, numa arrancada heroica, pela encosta de Monsanto; viste, na avançada dos soldados da República, a hoste intrépida que depôs a vida no altar da Liberdade, em holocausto à Pátria redimida;andaste nas ruas do Porto, a dizer o adeus da Pátria aos que morreram por ela; e fendeste os mares, na proa dos nossos navios, como que a concretizar a alma heroica da marinhagem, que cantava a "Portuguesa".
       E assim, tu.-ó bandeira vermelha e verde!- se és, como as outras, o simbolo da Pátria independente, dás-nos ainda a certeza consoladora de que Portugal, emancipado de tutelas inflamantes, redimido perante o Mundo, pelo esforço destemido dos seus filhos, volta a ser louvado, volta a ser querido.
       Portugueses! Neste pedaço de seda vibra,entusiástica e valorosa, a alma da nossa Pátria,com tudo quanto ela tem de nobre e de grandioso.é -deixai-me assim dizer-o certificado da nossa Liberdade.Venerá-la, honra-la é venerar e honrar a Pátria que ela simboliza.
      Aprendei a ama-la, Portugueses!Fazei dela como que uma relíquia veneranda,aprendendo a viver e a trabalhar pela sua pureza que,são, afinal a glória e a pureza da Pátria, nossa amada ela simboliza.
      Dai-lhe todo o vosso respeito e todo o cosso amor. E quando a virdes oficialmente erguida, nas proas dos nossos navios ou nas sacadas dos nossos navios ou nas sacadas dos nossos consulados e embaixadas descobri a cabeça ajoelhai a ama e rezai esta oração.
     - Ó alma da minha Raça, pendão santíssimo da Terra Portuguesa, Bandeira Veneranda da minha Pátria, eu te saúdo!


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